A lota da Docapesca, em Olhão, vai ser alvo de obras no valor de 400 mil euros, anunciou esta semana o presidente da empresa, José Apolinário, durante o encontro que decorreu na Biblioteca Municipal de Olhão sobre “Pesca, Aquicultura e Salicultura”. Os melhoramentos deverão começar em Abril.
As melhorias a cargo da Docapesca, em Olhão, promete José Apolinário, continuam em 2016 com o investimento de mais 300 mil euros no Cais T e na deslocalização das embarcações de pesca para dentro de porto, ficando a zona ribeirinha para as embarcações de recreio, anunciou aquele responsável. No total, em todo o Algarve, a Docapesca vai investir 2 milhões de euros na requalificação de lotas da região.
Para além do funcionamento da Docapesca e das obras previstas, falou-se de muito mais no seminário de Olhão organizado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que contou com a colaboração do Município de Olhão e do Centro de Formação Ria Formosa no âmbito do ciclo de seminários “Ria Formosa – A integridade do sistema lagunar e as atividades económicas”.
Laura Ribeiro, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) abordou as indústrias de aquacultura e pescas, referindo que “a pesca estagnou, não é possível ir buscar mais recursos ao mar”. Logo, a aquacultura está em franco crescimento. De acordo com a investigadora, a zona lagunar da Ria Formosa e a costa adjacente têm sido sempre local privilegiado para investigação do IPMA. Foram apresentados três projectos (PRESCO, MARINAQUA e Seafare) relacionados com a Ria Formosa e com o seu desenvolvimento sustentável.
Teresa Dinis, professora do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, defendeu o consumo do peixe produzido em aquacultura, dizendo que é de elevada qualidade. Até porque, em 2050, espera-se que 70% do consumo de peixe seja de aquacultura, esclareceu a investigadora. E como nessa data, seremos 9 mil milhões de pessoas, “teremos de aumentar em 70% a produção de alimentos”. Da mesma forma, será preciso conciliar os aspectos económicos com o ambiente.
Fernando Gonçalves, da Associação Portuguesa de Aquacultores, apresentou os desafios e boas práticas da actividade aquícola, incentivando os presentes a acabarem com o preconceito em relação ao pescado de aquacultura. “Mais vale comprar ostras ou mexilhões de aquacultura, nacionais e com qualidade, do que amêijoas que vêm do Vietname ou salmão da Noruega”, defendeu.
O comandante José Isabel explicou o contributo da Autoridade Marítima na Ria Formosa, nas suas diversas vertentes, e Rita Pestana, do Grupo de Acção Costeira do Sotavento (cujo município gestor é Olhão), referiu que já foram aprovados 25 projectos de apoio às comunidades locais no valor de cerca de 4 milhões de euros de investimento total. Estes projectos têm sempre “como destinatários os profissionais do sector das pescas, suas famílias e as comunidades piscatórias”. A durabilidade das iniciativas é sempre tida em conta, apoiando o GAC projectos que beneficiem as comunidades locais, incrementem a atractividade da região e mantenham ou criem emprego.
Rita Pestana referiu ainda que factores de êxito deste projecto têm sido a grande parte de investimento feito no sector privado, a rede de contactos entre organismos decisores ou a confiança conquistada no sector e nas comunidades.